Olá, amigos!
Recentemente a comunidade evangélica de Mato Grosso foi sacudida com a notícia do assassinato de um de seus representantes mais ilustres. O crime, como é de conhecimento de todos aconteceu na cidade de Várzea Grande, e teria sido motivado por uma tentativa frustrada de assalto. Na ocasião a vítima foi atingida por três tiros nas costas (http://www.24horasnews.com.br/index.php?mat=402108).
Passados mais de uma semana do ocorrido, a busca de respostas para este fato lamentável entre os evangélicos vai desde a simples idéia da localização geográfica da residência da vítima, ou seja, na periferia da cidade, até as mais complexas, como por exemplo a vontade divina de "colher mais uma rosa no seu jardim".
De todas essas indagações, algumas, pelo menos deveriam ser debatidas, e suas respostas a meu ver, resolveria todo o dilema, que são: O que o cristianismo tem a ver com isso? O que faz o cristão numa situação como essa? Deixaria toda a responsabilidade para Deus, pois que permitiu, e Ele sabe de todas as coisas; ou simplesmente colocaríamos a culpa na vítima, afinal, morava numa região periférica e considerada pela polícia como violenta.
Este texto não tem por objetivo basear seu conteúdo em referências bíblicas no sentido literal, pois a meu ver, só geraria controvérsia, pois a diversidade de entendimento do que "tá escrito" só tem contribuído para confundir, ao invés de esclarecer, mas sim, no entendimento do evangelho como um todo. E para se fazer entender, o Mestre utilizou basicamente, o sermão da montanha e as parábolas.
Através desses dois parâmetros, podemos claramente entender que o cristão sempre deverá ter uma opinião formada a respeito de tudo. No evangelho, o seguidor de cristo encontra subsídio para se posicionar frente às questões que envolvem a sociedade de uma maneira geral, ou seja, atribuir tudo à vontade divina, ou à própria pessoa, não me parece ser um argumento que se sustente, quando a avaliação se dá à luz do evangelho, pelo contrário, Jesus sempre conclama os homens o exercício da razão, da lógica, da fé que sustenta sempre numa base racional. É aí a meu ver que se encontra o grande nó, ou melhor, o abismo que separa aqueles que de fato procuram conhecer seu mestre, daqueles que se contentam com o conceito repassado pela religião. Ora, é sabido que a sociedade é organizada de maneira que, só é possível a tomada de decisões que envolvem o coletivo, seja de qualquer ordem, através das decisões políticas, e é justamente esta reflexão que pretendo fazer aqui.
A política está presente no nosso cotidiano bem mais do que aqueles que se julgam fora dela imaginam. Na família por exemplo, só é possível uma convivência no mínimo razoável através do exercício político. Na congregação religiosa, o fato se repete. Então por que não refletirmos sobre isso quando a análise é feita sobre um fato de tamanha relevância, não só para a comunidade evangélica, como para a sociedade de maneira geral, como o ocorrido recentemente em Várzea Grande?
Os cristãos são conclamados a exercer seu poder poítico sempre que uma eleição se aproxima. O discurso é sempre o mesmo: "O ministério precisa de políticos com mandato para o representar nas diversas esferas do poder; é melhor votar num "crente" que no ímpio; determinados partidos políticos estão se articulando para fechar as igrejas;" etc. O que não se vê, é um chamamento aos debates que realmente interessam ao coletivo. não se fala por exemplo da forma de organização da sociedade que permite produzir milhões de excluídos, não se debate alternativas para melhorar a saúde pública, os investimentos em educação sequer são lembrados. Enfim, se analisarmos apenas a nossa cidade teríamos milhares de temas relevantes pra se discutir, como por exemplo, a educação política, que potencializaria uma nova visão de mundo, e formaria indivíduos capazes de enxergar sua realidade numa visão realmente crítica.
Será que a violência que vitimou nosso querido irmão está posta por vontade divina? será que Deus quis assim? ou será que somos nós os cristãos que alienados por um conceito repassado pela religião não conseguimos enxergar a verdadeira face do Senhor. Precisamos debater essas questões. Como poderíamos apresentar alternativas para conter a violência; De que maneira poderíamos lutar, para que casos como esses não sejam rotina; o que fazer pelas pessoas de nossa cidade; como nos organizaríamos para contribuir com a contenção da violência; o que será que a educação tem a ver com isso; será que a maneira como estamos organizados estamos sendo diferente do mundo, como o Mestre nos ensinou; o que poderemos fazer para deixar em nosso momento histórico as marcas de Cristo.
Enquanto esperamos um reino que está por vir, devemos estar inconformes com este mundo, não no simples lamento, mas como protagonistas de um mundo melhor para nossos filhos, nossa comunidade, nossa cidade, ou seja, nosso mundo, que não é nem um pouco semelhante a este que estamos vendo. É no exercício consciente da política, que isso se torna possível. Só assim estaremos de fato, engajados na proclamação do evangelho, que será coerente com nosso Mestre, e que promoverá a legítima salvação - a salvação dos homens.
Parabens pelo blog.Espero que ele possa ter muitos acessos.
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