quinta-feira, 15 de março de 2012

Sistema de Cotas - Uma Reparação Histórica

O último censo realizado no Brasil pelo IBGE, ou seja, no ano de 2010, aponta que ainda existem no país mais de 14 milhões de pessoas analfabetas entre a população com mais de 15 anos de idade, o que representa 9,7% da população. Isso significa 0,3 pontos percentuais a menos que a taxa de 2008.
Comparando o primeiro censo da república, realizado em 1890 que apontava mais de 80% da população brasileira como analfabeta (isso sem levar em conta os novos critérios da UNESCO que inclui como analfabeto aquele que não consegue redigir e entender um bilhete simples) e os números atuais é notável o declínio na análise percentual. Porém quando se analisa em números quantitativos, a taxa permanece praticamente estagnada. Dada à proximidade com o advento da liberação dos escravos, que ocorrera dois anos antes, não é preciso dizer que esse índice de analfabetismo possuía gênero e raça - mulheres e negros.
Quando se analisa a forma como o Brasil – ou a classe política brasileira – vem tratando desta problemática desde a proclamação da República até os dias atuais, fica evidente que as políticas educacionais brasileiras, sempre foram no sentido de priorizar uma classe social em detrimento da outra.
A elite brasileira, mesmo antes de existir um planejamento de ordenamento escolar, sempre foi escolarizada, pois podia pagar professores particulares. Isso sem mencionar a educação da Igreja Católica que historicamente foi voltada a educar a elite desse país.
Poderíamos discorrer aqui toda a história da Educação no Brasil, que evidentemente passaria por questões como a reforma do Estado no final do século passado, direcionando as políticas educacionais a atender uma tendência mercantilista – principalmente no que diz respeito ao ensino superior – porém faremos essa reflexão num outro momento.
O que se pretende enfatizar aqui é que: numa perspectiva filosófica de análise da realidade a partir de uma construção histórica, não posso conceber como natural que uma classe social tenha acesso ao ensino superior em detrimento de outra. Não é natural que os cursos de maior prestígio social sejam acessados apenas pelos filhos da elite brasileira, sob o pretexto de que os oriundos das classes populares não passam no vestibular, então, não podem cursar.
O acesso ao ensino superior através do sistema de cotas é uma política que sem dúvida, busca corrigir uma distorção histórica, pois começa a tratar de maneira diferente aqueles que ao longo da história desse país sempre foram diferentes no acesso, nas oportunidades, e no direito à plena cidadania.
É preciso afiar o bico e romper passagem, pois a portinha da gaiola jamais se abrirá sozinha.

Um comentário:

  1. O que ainda massifica a exclusão dos negros e raças populares dos acessos ao ensino superior é no meu ver a politica social mais que as governamentais,ora oriundos as elites que dão um jeitinho brasileiro de dar um credito para alguem...como se não fosse direitos dos cidadãos.É algo à uma reflexão,esses acessos e sistema de cotas...

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