sábado, 21 de abril de 2012

Desigualdade Educacional!

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                  É verdade que há discrepâncias no Brasil nessa relação trabalho x renda. Mas é verdade também que com um razoável nível de honestidade intelectual, devo analisar a realidade a partir de uma concepção teórica. E a que me parece mais coerente é aquela que analisa a realidade concreta a partir de uma construção histórica, ou seja, não é possível confrontar a realidade desconsiderando suas raízes historicamente construídas.
                       Pois bem. Não é difícil discordar do fato de um operador de elevadores do congresso nacional ganhar mais que um oficial da FAB. Nem que um motorista do gabinete de algum congressista tenha salário superior a um piloto da Marinha por exemplo. Difícil talvez seja associar todas essas e outras discrepâncias ao modelo de estado brasileiro, que ao longo do tempo, desde a proclamação da República - só pra citar um determinado período histórico - vem construindo essas desigualdades, aliás, a maior de todas, e que a meu ver, constrói todas as outras. A desigualdade educacional.
                        É sabido que ao longo da história republicana brasileira o que se teve no país foi uma educação classista, excludente e desigual. Não é culpa deste ou daquele governo. É uma construção histórica em função do modelo de estado e de organização social. 
                        Os índices de analfabetismo desde àqueles 80% do primeiro censo da República nunca foram enfrentados a ponto de zerá-los, haja vista que ainda são mais de catorze milhões. O último relatório da ONU (PNUD) aponta o Brasil como o terceiro pior índice de desigualdade no mundo, além de: baixíssima mobilidade social, diferença de renda entre homens e mulheres, uma população negra que tem contra si todos os indicadores de desenvolvimento humano, entre outros. Isso sem levar em conta os números do último censo IBGE. Ainda temos, segundo este estudo, mais de 9% do total da população com mais de quinze anos na condição de analfabetos. Mais de 3,5 milhões de crianças e jovens de 4 a 17 anos estão fora da escola. Dos que ingressam no ensino fundamental, mais de 20% ficam pelo caminho, ou seja, não concluem. De todos que terminam esta etapa do ensino apenas pouco mais da metade concluem o ensino médio. Da população jovem, ou seja, dos 18 aos 24 anos, pouco mais de 13% cursam o ensino superior, destes, menos de 8% são negros.
                              Analisando esses números, não é difícil compreender que seus reflexos atingem diretamente os mais pobres, pois  as classes mais abastadas sempre puderam custear seus estudos, e, é claro, não é preciso retroceder muito tempo para depararmos com a Igreja Católica, financiada pelo estado educando basicamente a elite brasileira.                               
                       As políticas educacionais sempre nortearam suas ações de modo  à preterir a Educação Pública. Mesmo os recentes esforços no sentido de "democratizar" o ensino superior, o que se tem é uma notória preferência do governo em aplicar recurso público nas universidades privadas, ao invés de investir diretamente nas universidades públicas. Isso sem falar no percentual do PIB pra Educação que não passa de 4%, e na proposta do novo PNE, que aliás, já está com mais de um ano de atraso na sua aprovação pelo Congresso, prevê até o final de sua vigência, ou seja, até 2020, investimento de apenas 7% do Produto Interno Bruto. Quando se compara o investimento por aluno no Brasil, os números são piores que os de Chile e CUBA, só pra citar dois exemplos da América Latina.                         
                           Sem uma política de enfrentamento direto nestas desigualdades, não será possível equilibrar aquelas. Aliás, estudos recentes comprovam que investir em Educação da População, é a melhor alternativa pra qualquer nação diminuir desigualdades sociais.
                          O desafio é grande. É preciso atacar as causas. E repito. A consciência política é a única alternativa, para que o indivíduo possa se conscientizar de sua condição, se incomodar com ela, compreender que é possível avançar, e mais do que isso. Se libertar.
                           É preciso afiar o bico e romper passagem, pois a portinha da gaiola jamais se abrirá sozinha!!

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