Onde
eu estava mesmo? Ah, lembrei... Eu fui pra sala de aula no outro dia com meu
novelo de linha verde, meus formulários de avaliação diagnóstica e muita, muita
fé. Mas fé não dá aula, então, neste caso, eu mesmo teria que resolver isso. A professora
Dalva acompanhou-me até à sala. Apresentou-me aos alunos e saiu. Pronto, agora
eram eles e eu... Ah sim, já ia me esquecendo, lá existe uma pessoa que
trabalha como cuidadora de uma aluna cadeirante. Na hora pensei: “puxa, não me
disseram que haveria uma pessoa adulta na sala o tempo todo”. A presença de
Carmem na sala rende até hoje frutos maravilhosos, uma parceria que parece que
começou faz tempo, mas este é assunto para outro texto.
Fiz,
com eles, a atividade com o barbante. Era pra que se apresentassem e dissessem
um sonho na vida, no futuro... Levei um susto, muitos deles querem ser
policiais. Anotei aquilo, achei que outra hora poderia precisar daquela
informação. Em seguida, cantei com uma música com eles e partimos para
construirmos juntos, as regras da nossa sala. Eles participaram razoavelmente
bem, o que me deixou bastante animado. Apliquei as avaliações diagnósticas de
português e matemática.
Este
foi um dia interessante. Eles me olhavam com desconfiança, mas acho que eu
também os olhava do mesmo modo. Não! Eu estava mais desconfiado que eles. E os
outros alunos das outras turmas, então? Achavam que eu era professor de
educação física. Um dos meus alunos ao ser questionado no corredor, respondeu:
Não, ele não é professor de educação física. Ele é professor mesmo! Anotei
aquilo também. É importante, pensei.
Nesta
escola reencontrei a professora Patrícia, uma colega dos tempos da graduação.
Junto comigo entraram também mais três colegas da UFMT, além de outros
profissionais de outras áreas. Isso é bom, inferi, assim dividimos o foco. Acho
que consegui, pelo menos não vejo aqueles olhares, sabe... Por falar nisso,
meus colegas tratam-me com cordialidade e respeito. A coordenadora Dalva me
ajuda muito. Tenho nela respaldo suficiente para permanecer tranquilo. No que
tenho precisado, a gestão da escola tem respondido adequadamente.
Feito
as avaliações diagnósticas eu tinha agora um grande desafio; tabular e fazer um
relatório. É aí que entra em cena uma pessoa que nem vou arriscar adjetiva-la,
pois certamente cometerei injustiças. Lembram-se da Vanesa? Então, ela sugeriu
que procurássemos, na UFMT, a nossa professora da graduação, a Ana Lúcia.
Marcamos um encontro e fomos, Vanesa e eu, encontrar com a professora. Desse
encontro eu tinha expectativa de receber algumas orientações apenas. Não foi
isso que aconteceu, pelo contrário, ela nos recebeu em sua sala e depois de me
ouvir atentamente disse assim: sente-se aí, vamos tabular sua avaliação
diagnóstica, juntos. Ficamos juntos por mais quatro horas, pelo menos. De lá,
saí com meu relatório pronto, dezenas de materiais, desde caixa de fósforos até
livros para subsídio teórico, além, é claro, da certeza de que poderia contar
com ela sempre que necessário. Ah, marcamos também em nos encontrar uma vez por
semana. Desses encontros estou colhendo preciosas lições, não só pedagógicas,
mas para a vida, mas isto é assunto para outro momento.
De
relatório na mão, parti para construir meu plano de curso. Precisei revisitar
as modalidades organizativas para organizar minha rotina. Isto foi, sem dúvida,
mais uma aventura, que pretendo contar na próxima semana...
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